Passes

O Socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos. No Novo Testamento, para referir-nos apenas ao movimento evangélico, é valioso repositório de fatos nos quais Jesus e os apóstolos aparecem dispensando, pela imposição das mãos ou pelo influxo da palavra, recursos magnéticos curadores. Nos tempos atuais tem cabido ao Espiritismo, na sua feição de Consolador Prometido, conservar e difundir largamente essa modalidade de socorro espiritual, embora as crônicas registrem semelhante atividade no seio da própria Igreja, através de virtuosos sacerdotes. Os centros espíritas convertem-se, assim, numa espécie de refúgio para aqueles que não encontram na terapêutica da Terra o almejado lenitivo para os seus males físicos e mentais. Os médiuns passistas têm requisitos indispensáveis para o passe.

Existem 2 tipos de passes:

a) Passe ministrado com os recursos magnéticos do próprio médium;

b) Passe ministrado com recursos magnéticos hauridos, no momento, do Plano Divino.

Convém lembrarmos que, em qualquer dessas modalidades, o passe procede sempre de Deus. Esta certeza deve contribuir para que o médium seja uma criatura humilde, cultivando sempre a ideia de que é um simples intermediário do Supremo Poder, não lhe sendo lícito, portanto, atribuir a si mesmo qualquer mérito no trabalho. Qualquer expressão de vaidade, além de constituir insensatez, significará começo de queda.

Além da humildade, deve o passista cultivar as seguintes qualidades:

a) Boa vontade e fé;

b) Prece e mente pura;

c) Elevação de sentimentos e amor.

“Àquele que mais tem, mais lhe será dado”, afirmou Jesus. A prece, especialmente, representa elemento indispensável para que a alma do passista estabeleça comunhão direta com as forças do Bem, favorecendo, assim, a canalização, através da mente, dos recursos magnéticos das esferas elevadas.

Pela oração, consegue, o passista 2 coisas importantes e que asseguram o êxito de sua tarefa:

a) “Expulsar do próprio mundo interior os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum, durante o dia de lutas materiais;

b) Sorver do plano espiritual “as substâncias renovadoras” de que se repleta, “a fim de conseguir operar com eficiência, a favor do próximo”.

Através dessa preparação em que “se limpa”, para, limpo, melhor servir, consegue o médium, simultâneamente, ajudar e ser ajudado. Receber e dar ao mesmo tempo. Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes. A renovação mental é como se fôsse um processo de desobstrução de um canal comum, a fim de que, por ele, fluam incessantemente as águas. A nossa mente é um canal. Mente purificada é canal desobstruído. Mencionados os fatores positivos, é mister enumeremos, agora, os negativos.

Especifiquemos as qualidades que lhe não permitem dar quanto e como devia:

a) Mágoas excessivas e paixões;

b) Alimentos inadequados e alcoólicos;

c) Desequilíbrio nervoso e inquietude.

Sendo o passista, naturalmente, um medianeiro da Espiritualidade Superior, deve cuidar da sua saúde física e mental. Alimentação excessiva favorece a vampirização da criatura por entidades infelizes, o mesmo ocorrendo com os alcoólicos em demasia. O equilíbrio do sistema nervoso e a ausência de paixões obsidentes propiciam um estado receptivo favorável à transmissão do passe. Não podemos esquecer que o passe é “transfusão de energias psicofísicas”. E o veículo dessa transfusão deve, sem dúvida, ser bem cuidado. Aconselha Emmanuel que “a higiene,a temperança, a medicina preventiva e a disciplina jamais deverão ser esquecidas”. Adverte, ainda, que “tudo na vida é afinidade e comunhão sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos”. “Doentes afinam-se com doentes”. “O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adotar perante a vida”. Naturalmente nenhum de nós, nem passista algum, terá a pretensão de obter, nos serviços a que se consagra, os sublimes resultados alcançados por Jesus, em todos os lances do seu apostolado de luz, e pelos apóstolos em numerosas ocasiões; entretanto, educar-nos mentalmente e curar-nos fisicamente, a fim de melhor podermos servir ao próximo, afiguram-se-nos impositivos a que nos não devemos subtrair. O médium precisa “afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à melhoria de si mesmo, a fim de filtrar para a vida e para os homens o que signifique luz e paz”.

Outros requisitos importantes para o passe:

a) horário;

b) confiança;

c) harmonia interior;

d) respeito.

O problema da pontualidade é fundamental em qualquer atividade humana, normalmente se essa atividade se relaciona e se desenvolve em função e na dependência da Esfera Espiritual. Nem um minuto a mais, nem a menos, para início dos trabalhos. Recordemos que os supervisores de centros e de grupos mediúnicos não esperam, indefinidamente, que, com a nossa clássica displicência, resolvamos iniciar as tarefas. Se insistimos na indisciplina, eles passarão adiante à procura de núcleos e companheiros que tenham em melhor apreço a noção de responsabilidade… O passista que não confia no Alto limita, também, a sua capacidade receptiva. Fecha as portas da “casa mental”, obstando o acesso dos recursos magnéticos. Secundando a confiança, o fator “harmonia interio” se apresenta também imprescindível a um excelente processo de filtragem dos fluídos salutares. E, por fim, o respeito ante a tarefa assistencial que se realiza através da passe. Respeito ao Pai Celestial, aos instrutores espirituais e àqueles que lhe buscam o concurso. Pontualidade, confiança, harmonia interior e respeito são, evidentemente, virtudes ou qualidades de que não pode prescindir o médium passista.

Na hora do passe…

Podemos dizer que tratamento mediante passes pode ser feito diretamente, com o enfermo presente aos trabalhos, ou através de irradiações magnéticas, com o enfermo a distância. No passe direto, depois de orar silenciosamente, o médium é inteiramente envolvido pelos fluidos curadores hauridos no Plano Superior e que se canalizam para o organismo do doente; no passe a distância, que é uma modalidade de irradiação, o médium, sintonizando-se com o necessitado, a distância, para ele canaliza igualmente fluidos salutares e benéficos. Nas chamadas “sessões de irradiação”, os doentes são beneficiados a distância, não somente em virtude dos fluidos dirigidos conscientemente pelos encarnados, como pelas energias extraídas dos presentes, pelos cooperadores espirituais, e conduzidas ao local onde se encontra o irmão enfermo. Há criaturas que oferecem extraordinária receptividade aos fluidos magnéticos. São aquelas que possuem fé robusta e sincera, recolhimento e respeito ante o trabalho que, a seu e a favor de outrem, se realiza. Na criatura de fé, no momento em que recebe o passe, a sua mente e o seu coração funcionam à maneira de poderoso ímã, atraindo e aglutinando as forças curativas. Já com o descrente, o irônico e o duro de coração o fenômeno é naturalmente oposto. Repele ele os jorros de fluidos que o médium canaliza para o seu organismo. É aconselhável, a nosso ver, ore o indivíduo, em silêncio, enquanto recebe o passe, a fim de que a sua organização psicofísica incorpore e assimile, integralmente, as energias projetadas pelo passista. Tal atitude criará, indubitavelmente, franca receptividade ante o socorro magnético.

Exemplificando

Passe Direto:

A primeira figura acima, o passe recebido com fé irradia-se por todo o organismo. Na segunda figura acima, a criatura descrente torna-se refractária à recepção do passe.

Passe a distância:

Na figura acima: Recolhido em prece, o homem de boa vontade recebe recursos do Plano Suprior, projetando-os, depois, na direção do enfermo ausente, cuja figura mentaliza. É o passe a distância ou irradiação.

Sintetizando os nossos apontamentos, temos, então, 2 tipos de passes:

a) Passes diretos (enfermo presente);

b) Passes a distância (enfermo ausente).

E no tocante à receptividade ou refratariedade das pessoas, no momento do passe, temos:

a) Fé, mais recolhimento, mais respeito, somam RECEPTIVIDADE;

b) Ironia, mais descrença, mais dureza de coração, somam REFRATARIEDADE.